quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Começando a mudança de casa

Resolvi mudar de casa. Porque é bom.
Apesar de ninguém me visitar nessa casa que se tornou o Cadeira com Abajur, eu percebi que acabei desandando com alguns posts mais recentes. Cheguei até a criar um blog paralelo só para falar mais futilidades mesmo, diante da nova demanda interna que percebi (em mim) e não atolar esse blog com esses assuntos tolos que meu alter-ego se satisfazia.
Mas o Cadeira ficou bagunçado. Cheguei tarde demais.
É fato que o momento de expressar por impressão acabou. Tanto a tentativa de me jogar no abismo quanto de flertar com o altismo não me fascinam mais.
Projetos novos à vista combinam com paredes novas. Não as quatro de Sartre, por favor.
Crio mais um blog com cara mais permanente para falar de literatura, no que se incluem sebos, livrarias, escritores dos mais diversos e escritos próprios: www.epifaniasderebecca.blogspot.com

Qualquer outra notícia, entre nesse blog!

Manterei o Cadeira com Abajur ativo até passar os arquivos pelos quais tenho interesse para o próprio Epifanias de Rebecca. Vamos nos encontrar por lá! :D

Livro do dia

Está acontecendo a Bienal do Livro 2011 aqui no Rio. Saí dos pavilhões nesse sábado atolada com alguns livros nas sacolas e acabei me surpreendendo com a biografia da Clarice.

Confesso que sempre olhei bem torto pras biografias. Nunca li nenhuma por puro preconceito mesmo, mas como se tratava de Clarice e eu estava imersa numa Bienal... surgiu a chance diante da minha receptividade.

Comecei a ler nessa segunda-feira e, mesmo trabalhando, já li mais de 300 páginas. O danado é bom e, para quem acha Clarice encantadora, encontra no livro muito mais detalhes para se apaixonar.

E eu não estou ganhando nenhum centavo de propaganda. :P

Eis o livro:

Clarice, (lê-se, Clarice vírgula)
Por Benjamin Moser

Quase uma campanha por menos citações descontextualizadas nessa internet viral! Haha.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Confissão. Dela.


“Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros.” (Caio Fernando Abreu)



A perfeição está longe de todas as pessoas. Dela também.

Mas a diferença dela para todos os outros é que ela não deseja a felicidade de todas as pessoas. Há aqueles que muito ama e os quer bem. Há os indiferentes e os quer bem. Há os que não quer bem. Esses últimos a feriram tão imensamente que a distância que guarda não basta. Não quer os seus sorrisos também, já que os dela foram roubados. Para sempre.

Descobriu que a inércia é o único bem que pode e consegue fazer para os últimos. Tenta esquecer, imagina que o ferimento suportado a duras penas pode ter sido fruto de um grande orgulho que guarda dentro de si. Tenta mudar a ótica. Tentativas infrutíferas. Em sua inércia, não quer os sorrisos dos últimos.

Quando as suas feridas são reabertas, grita no seu quarto, com cortinas fechadas e luz apagada. No silêncio dos seus gritos abafados que é sua agressividade contida pelos que dizem que o certo é perdoar, dentre tantas tentativas perdidas, engole seco e as lágrimas sangram. Sai de casa como se nada tivesse acontecido.

Agora ela só quer descobrir como fechar essas feridas definitivamente. Nessa batalha pelo certo e errado, loucura tem sido mais forte do que ela. Tem sido o único caminho viável. Remédio, gaze e sangue. Cicatriz. Sua vida ficou marcada e seu sorriso foi roubado. Onde estão as respostas?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Anotações Insensatas, Caio Fernando Abreu

Mas não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais. Tentaria, então, com toda a delicadeza possível, sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais, preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir. Como ia dizendo, no meio da tarde lenta demais, escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta, e veio — diria qualquer coisa como olha, tenho medo do normal, baby.

Só que, como de hábito, na cabeça (como que separada do mundo, movida por interiores taquicardias, adrenalinas, metabolismos) se passava uma coisa, e naquele ponto em que isso cruzava com o de fora, esse lugar onde habitamos outros, começava a região do incompreensível: Lá, onde qualquer delicadeza premeditada poderia soar estúpida como um seco: não. E soou, em plena mesa posta.

Tanto pasmo, depois. Sozinho no apartamento, domingo à noite. Todas as coisas quietas e limpas, o perfume adocicado das madressilvas roubadas e o bolo de chocolate intocado no refrigerador — até a televisão falar da explosão nuclear subterrânea. Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós. Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós? Não, não suportamos essa doçura.

Puro cérebro sem dor perdido nos labirintos daquilo que tinha acabado de acontecer. Dor branca, querendo primeiro compreender, antes de doer abolerada, a dor. Doeria mais tarde, quem sabe, de maneira insensata e ilusória como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos. Que talvez, pensava agora, nem tivessem sido tão paradisíacos assim.

Porque havia o sufocamento daquela espécie de patético simulacro de fantasia matrimonial provisória, a dificuldade de manter um clima feito linha esticada, segura para não arrebentar de súbito, precipitando o equilibrista no vazio mortal. Cheio de carinho, remexeu no doce, sem empurrar o prato. Preferia a fome: só isso. Pelo longo vício da própria fome — e seria um erro, porque saciar a fome poderia trazer, digamos, mais conforto? — ou de pura preguiça de ter que reformular-se inteiro para enfrentar o que chamam de amor, e de repente não tinha gosto?

De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação? Espera, vamos conversar, sugeriu sem muito empenho. Tarde demais, porta fechada. Sozinho enfim, podia remexer em discos e livros para decidir sem nenhuma preocupação de harmonia-com-o-gosto-alheio que sempre preferira um Morrison a Manuel Bandeira. Sid Vicious a Puccini. A mosca a Uma janela para o amor, sempre uma vodca a um copo de leite: metal drástico. Era desses caras de barba por fazer que sempre escolherão o risco, o perigo, a insensatez, a insegurança, o precário, a maldição, a noite — a Fome maiúscula. Não a mesa posta e farta, com pratos e panelas a serem lavados na pia cheia de graxa — mas um hambúrguer qualquer para você que escrevo. Mas os escritores são muito cruéis, você me ama pelo que me mata com coca-cola no boteco da esquina, e a vida acontecendo em volta, escrota e nua.

Não muito confuso, assim confrontado com sua explícita incapacidade de lidar com. A palavra não vinha. Podia fazer mil coisas a seguir. Mas dentro de qualquer ação, dentes arreganhados, restaria aquela sua profunda incapacidade de lidar com. Um instante antes de bater outra, colocar uma velha Billie Holiday e sentar na máquina para escrever, ainda pensou: gosto tanto de você, baby. Só que os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se apunhalo é porque é para você, para você que escrevo — e não entende nada.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Qual é o seu caminho?


Tenho andado distraída por aí desviando dos pedaços de mim. Talvez, por isso mesmo, eu não tenha aparecido por aqui para escrever alguma coisa. É quase certo que seja esse o motivo que tenha me afastado das letras densas, do apanhado de pensamentos da caixola e das falas que me intrigam (muito provavelmente, só a mim mesma).

O batom vermelho, a roupa da estação, a bota de cano longo ou curto. Moda. Essas coisas todas não cansam a alma. Não a minha. Sequer são algo que eu considero verdadeiramente. Mas descansam. Fui me distraindo por essas beiradas. De fato, são um pouco de alguma coisa para alguém cuja auto-estima sempre foi das piores. Meu nome está nesta lista de chamadas, não é, consciência? Vamos valorizar um pouco do que é "legalzinho" no alto do momento mulherzinha, consciência?

Mas não me dou o trabalho de aprofundar psicologicamente isso ou aquilo no vestuário, vai. Eu só gosto de escrever. Quando me dou conta, o batom está na boca, a maquiagem está feita e a rua me espera. Percebi que recentemente cedi à fuga ao profundo porque vi o quanto a superfície é confortável. Meio mau isso, não é? Mas confesso que não tenho querido pensar muito não. Quase preguiça existencial.

Ai, ai, ai. Por outro lado, a minha consciência, só ela, é capaz de me conhecer como ninguém. Deixa-me caminhar sozinha por cinco, dez minutos - que sejam - por um mundo de frívolas diversões para que eu respire. Sabe que, por minhas próprias pernas eu caminho para mim mesma.

A cela da liberdade do "se conhecer cada vez mais" é meu caminho inexorável. É a única via possível para existir. Eis que o auto-conhecimento vem com uma profundidade que suga como o vácuo. A superfície azul e isenta que a maioria exala pelos poros não é real.

Se me distraio pelos cantos é para respirar, captar um pouco de ar pelos pulmões e dar mergulhos cada vez mais profundos naquilo que sou eu. Quem sabe um dia eu saberei responder a quem me perguntou "quem é Rebecca?" pois eu nunca sei.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Informativo: Enxaqueca é coisa séria

Como as informações ficam meio que à deriva pela internet, talvez esse post possa interessar ou, até mesmo, quem sabe, ajudar alguém que um dia digite as palavras num google da vida e... ancore por aqui.

ENXAQUECA.
Eu já escrevi sobre ela por essas bandas. Agora quero trazer um pouco do que nós, quando sofremos um pouco com algo, aprendemos na pele. Não sou médica, mas paciente. Tenho a visão de quem tem senta deita na maca, não entende nada dos compostos químicos e passou por alguns médicos, colocando sua vida na mão deles. Falo porque hoje tenho esperanças de que posso melhorar. Já não acreditei nisso.

Eu nem sabia que enxaqueca era tratada por neurologista e, quando soube, esbarrei com um cara que não sei o que estava fazendo de jaleco. Tempo perdido o meu, né? Tomem cuidado!

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Enxaqueca não é uma mera dor de cabeça. Nem debato quando digo que sofro de enxaqueca e as pessoas falam que morrem de dor de cabeça como eu. Elas não vão entender mesmo.

Enxaqueca é doença sem causa cientificamente definida. É como uma asma, por exemplo. Você está super bem, quieto, mas tem a doença. Só se lembra que tem a doença quando vem a crise.

O médico não sabe explicar o porquê você tem aquilo, mas você tem. A única coisa que ele pode fazer é te ajudar a prevenir as crises de enxaqueca que podem durar algumas horas ou dias. Já tive uma crise que durou 4 dias.

Uma vez instalada a crise, é meio complicado afastar a dor. O negócio é esperar passar. Há uns remédios SOS para isso, mas nem sempre eles resolvem. Se tomados depois de certo tempo de dor, só rezando. Aprendi depois de muita teimosia que tem que tomar o analgésico logo que a crise começa. Mas, se liga: NÃO TOME ANALGÉSICOS EM EXCESSO. Você pode provocar, a longo prazo, o aumento da própria intensidade das dores que sente. Isso você não. Só tome analgésicos autorizados pelo médico. Ele sabe o que é melhor para você.

Por isso, o tratamento da enxaqueca é voltado para a prevenção das crises e, com isso, a melhora da qualidade de vida de quem sofre com ela. O analgésico é para uma última instância mesmo.

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1) A minha enxaqueca tem história clínica que começou com dores de cabeça esparsas desde os 15 anos de idade, que foram aumentando aos poucos, na frequência e na intensidade, com o passar dos anos. A maioria das enxaquecas clássicas também surgem dessa forma.
A minha enxaqueca começou a se agravar por volta dos 23, 24 anos, mas eu só fui buscar ajuda de médicos neurologistas aos 26 anos, após umas 3 visitas a emergências.

2) O primeiro neurologista que visitei pediu a realização de um exame que se chama "mapeamento cerebral". O exame não detectou qualquer anomalia no cérebro, o que afastou qualquer doença neurológica mais grave. Com isso, esse neurologista simplesmente virou para mim e disse que eu não tinha NADA. Eu deveria procurar uma ginecologista e um oftalmologista porque a especialidade dele não me ajudaria. É de se notar que eu cheguei ao consultório dele com uma histórico de anotações com frequência de dores de cabeça nos últimos meses e três visitas recentes a emergências de hospital por dores de cabeça, incluindo, vômitos por conta das dores muito fortes. Mas eu não tinha nada.

3) Indo à ginecologista, descobri que aquela consulta com o primeiro neurologista tinha sido um absurdo e que havia neurologistas que dariam atenção ao histórico que eu tinha anotado com as minhas dores de cabeça nos últimos meses, mas eu não tinha idéia sobre qualquer recomendação de neurologista bom para ir. Eu já estava tão desesperada sem solução que eu resolvi ir num neurologista que deu entrevista no Fantástico e que é chefe de neurologia de uma das universidades mais conceituadas do Brasil.

4) Paguei a consulta (cara... rs) e saí do consultório sabendo que enxaqueca só vai embora lá pelos 50, 60 anos, mas tem tratamento. Hoje eu tenho os telefones do consultório, celular, casa e emails do médico. Estou há quase um ano tratando a enxaqueca. Ainda tenho diversas crises de enxaqueca, mas nunca mais fui à emergência de hospital.

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Recomendações do médico para o tratamento da enxaqueca (prevenção de crises):

- Ter rotina: dormir nos mesmos horários, acordar nos mesmos horários e comer regularmente.
- Praticar exercícios físicos, ainda que leves.
- Evitar o estresse (foi comprovado que é um dos principais potencializadores das crises de enxaqueca).


Potencializadores de crise (que não necessariamente vão gerar crise):

- Esforço físico excessivo, sem condicionamento.
- Excessos hormonais.
- Alimentos gordurosos.
- Estresse (de leve a agudo).
Na verdade, excessos devem ser evitados mesmo...

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Deus está entre nós!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dia "das alegria"

O dia está mega chuvoso e hoje eu tenho um casamento para ir no Alto da Boa Vista, único lugar nesse Riozão de Janeiro em que se pode dizer que o frio chega. E chegamos no inverno, né? Eu aqui me vangloriando que não sou consumista e blá. Balela. Já estava com tudo acertado na minha cabeça, mas com esse tempo tosco me vi sem-roupa-nenhuma-para-o-dia-de-festa. ;P. O problema do dia é que temos um feriado e as lojas estão fechadas. Só abrem na parte da tarde e não terei tempo para procurar algo decente. O que será do amanhã, ou melhor, da noite?
Ah, no final, dá tudo certo. Ontem eu me "boludei" com muitos pedacinhos de pizza felizona mesmo. *.*

Falando no casamento de hoje... devo estar já na conta do terceiro do ano. As amigas estão animadas mesmo nesse 2011. Todas tirando os véus do armário e virando senhoras.
Enquanto estamos nas festas de casamento, em cima do salto alto (porque elegância a gente não esquece) e dançando até o chão (porque não é elegante mas temos que lembrar dos tempos sinistros), continuo a me sentir jovem. Fico tensa quando começar a comprar as lembrancinhas para os batizados mesmo. O momento mãe vai me fazer sentir mais velha MESMO. Aí a cuca vai pegar. ;/

Enquanto isso... "é o bonde do vinho... chã, nã, nã, nã, nã". E olha que eu não bebo. :D